Negócios da China

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Location: Ou Mun, China

Tuesday, September 26, 2006

Luta pelo poder

Hoje, surgiram nos jornais portugueses a noticia de que Hu Jintao, o presidente da China, e simultaneamenrte, presidente do PC Chinês, ter demitido o seu representante em Shanghai, acusando-o de corrupção. Apesar de ser um motivo válido, os sinólogos têm outra leitura: de que isto é um pretexto para algo maior, como a luta de poder entre os partidários de Jiabao, e do seu antecessor, Jiang Zemin.

Para exemplificar, mostro-vos na integra, o artigo do "Diario de Noticias" de hoje.

"Demissão em Xangai é aviso a Zemin"

Chen Liangyu foi este fim-de-semana afastado da liderança dos comunistas chineses da província de Xangai, cargo que acumulava com as funções de membro do todo-poderoso Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC).

Na origem desta demissão estão indícios de corrupção, ainda que a nível internacional ninguém pareça ter dúvidas de que o verdadeiro objectivo da decisão tomada pelo secretário-geral do PCC, Hu Jintao, seja limitar a influência do seu antecessor, Jiang Zemin, a menos de um ano do próximo congresso do partido.

Acusado de corrupção em torno do uso indevido de diferentes fundos de pensões da capital financeira do país, Chen Liangyu, de 60 anos, era visto como um elemento preponderante do Grupo de Xangai, nome pelo qual são designados os elementos mais próximos de Jiang Zemin e que têm em comum o facto de terem passado pela estrutura dirigente do PCC naquela região.

Obrigado a negociar a sua ascensão à liderança do PCC no final de 2002, cargo que passou depois a acumular com a presidência da República, Hu Jintao parece sentir já força suficiente para se impor no interior do partido, limitando-se apenas a aproveitar um pretexto que lhe garante alguma popularidade. Especialmente quando se sabe que as campanhas anticorrupção têm vindo a ser encaradas com grande cepticismo pela maioria da população chinesa.

Demitindo Chen Liangyu, já substituído a título interino pelo presidente da Câmara de Xangai, Han Zheng, Hu Jintao parece juntar o útil ao agradável: desafia o seu antecessor e ainda retira dividendos deste tipo de operação, como realçava ontem Joseph Cheng, um sinólogo da Universidade de Hong Kong. "Se um alto dirigente do PCC, como Chen Liangyu, pode ser afastado, isso significa que, a partir de agora, não haverá mais ninguém que possa sentir-se imune. O que não deixará de contribuir para o reforço dos poderes de Hu Jintao, à medida que se aproxima o XVII Congresso."

Uma opinião partilhada por outros sinólogos, que não hesitam em chamar a atenção para o facto de esta demissão ter sido anunciada numa altura em que os media chineses têm estado a dar grande destaque à publicação das colectâneas de discursos de Jiang Zemin."

A mensagem", sublinha Joseph Chen, "é muita clara: o antigo secretário-geral do Partido Comunista Chinês tem direito a todas as honras que lhe são devidas, desde que não interfira nos assuntos do partido nem se envolva em matérias que só dizem respeito à direcção do PCC". Um sinal que aponta igualmente para a crescente resistência de Chen Liangyu às orientações do primeiro-ministro Wen Jiabao - que conta com o apoio de Hu Jintao -, servindo adicionalmente de aviso a todos os elementos do Grupo de Xangai. Incluindo alguns dos 24 membros do Politburo do PCC, entre os quais se encontram o vice-presidente Zeng Quinghong, Wu Banguo e Ji Qinglin.

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